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quarta-feira, 6 de julho de 1988

1988 ... um "ano louco" (3): aos pés do Monte Perdido

Três anos depois da primeira "expedição", a 30 de Junho de 1988 estava a partir pela segunda vez com alunos  rumo  aos  Pirenéus.  Alunos  do  10º ano  (regressados 3 meses antes do Gerês),  misturados  com
A caminho dos Pirenéus, 30.06.1988
alunos do 12º (que em Fevereiro tinham conhecido Doñana). Na tarde do primeiro dia ... já todos eram grandes amigos!
Ao contrário de 85, contingências várias contribuíram para que tivéssemos apenas 7 dias disponíveis. Havia que fazer opções. O objectivo foi portanto "apenas" o vale de Pineta, no Parque Nacional de Ordesa e Monte Perdido, com regresso por Andorra.
Encontrando-se o vale de Pineta a quase 1200 km de Lisboa, é claro que a primeira e a última noites foram em Madrid, à semelhança de 85. Depois, por Zaragoza, Huesca, Ainsa e Bielsa ... estávamos no paraíso! Voltámos a acampar aos pés do Parador Nacional Monte Perdido, no fundo do Circo de Pineta, nas margens do jovem rio Cinca.
Acampados junto ao Rio Cinca, Circo de Pineta, Pirenéus aragoneses - 1 de Julho de 1988 - 1270m alt.
2 de Julho era o dia da "grande aventura": já que era impensável subir ao Monte Perdido sem material de neve e sem treino, o objectivo era subir pelo menos até ao Lago de Marboré, no plateau fronteiriço entre os Pirenéus aragoneses e franceses. Dependeria das condições meteorológicas, da quantidade de neve e do estado do terreno ... mas o objectivo foi atingido...J!
Início da subida para Marboré, 2.07.1988 
Na base das cascatas do Cinca, 1470m alt.
A subida não foi propriamente fácil, aliás só um grupo a efectuou. Os restantes alunos e professores fizeram um percurso circular junto às cascatas do Cinca, regressando portanto mais cedo ao nosso improvisado camping. Eu e os mais "aventureiros" ... continuámos a ascensão. E, à medida que íamos subindo, quase não acreditávamos no que os nossos olhos viam: quais rapaces planando ao sabor das correntes de ar, o vale de Pineta abria-se diante de nós em toda a sua extensão, com o fio do rio Cinca correndo lá no fundo. Estávamos a meia altura de um autêntico anfiteatro natural - o Circo de Pineta - com a Serra de Espierba a nascente e o maciço das Tres Sorores a poente. As Tres Sorores são os Picos de Marboré (3325m alt.), Añisclo (3259m) e, entre aqueles dois ... o Monte Perdido (3348m).
O vale de Pineta visto da encosta de Marboré, a caminho do Balcão de Marboré - 2 de Julho de 1988 - 1620m alt
Estávamos no verão, no início de Julho. Mas as montanhas em redor mostravam bem a quantidade de neve que permanecia nas alturas. Neve que, por volta dos 1450 metros de altitude, já se anunciava junto daquele sendero ziguezagueante ... e que aos 2000 e poucos metros cobria tudo em redor. A partir daí a ascensão não era fácil ... mas tornava-se cada vez mais deslumbrante!
Parede do Glaciar do Monte Perdido
Encosta do Balcão de Pineta, vista NW
Aspectos da progressão na neve...
... para o Balcão de Pineta - 2450m alt.
E assim, aos 2580 metros de altitude, chegávamos ao Balcão de Pineta e à Cruz de Marboré. Que espectáculo grandioso tínhamos à nossa volta! Tínhamos subido mais de 1300 metros desde o vale!
Balcón de Pineta e Cruz de Marboré -  - 2 de Julho de 1988 - 2580m alt.
Na Cruz de Marboré, 2.07.1988
Vertente do Monte Perdido e glaciar
Junto ao lago gelado de Marboré, 2.07.1988 - 2595m alt.
Glaciar do Monte Perdido, 2.07.1988
Vista de Marboré para norte: Picos de Astazu e Tucarroya
Naquele plateau, quase aos 2600 metros de altitude, aos pés do Monte Perdido e na imponência que nos rodeava ... é impossível não nos sentirmos pequenos e insignificantes. A tentação de avançar mais era muita. Pouco mais a noroeste e aos 3000 metros de altitude ... teríamos seguramente uma espectacular panorâmica para a vertente francesa, sobre a famosa cascata de Gavarnie! A poente, tínhamos o Monte Perdido e o seu glaciar. Mas ... precisamente o Sol começava a baixar para trás do Monte Perdido, para os
Andorra, Camping "Valira", 4.07.1988
lados de Ordesa ... para onde continuo a sonhar um dia atravessar. Era imperioso começar a descer, de regresso ao vale, e assim fizemos. A descida não foi mais fácil que a subida ... pelo contrário! No troço a atravessar a neve, todos os cuidados eram poucos; a inclinação lateral era acentuada...
E daquele paraíso perdido nas montanhas aragonesas ... tivemos de regressar. Mas o regresso contaria ainda com uma passagem por Andorra, onde mais uma vez o Camping "Valira" recebeu o grupo, à semelhança de 85. Andorra, Zaragoza, Madrid na última noite ... e estávamos em Lisboa, com mais uma "aventura" vivida, partilhada em conjunto, aprendida ... e com muitas recordações!


A subida ao Lago de Marboré no Wikiloc / Google Earth:



15 de Fevereiro de 2011

quinta-feira, 24 de março de 1988

1988 ... um "ano louco" (2): regresso ao Gerês...

A organização da área de estudos científico-naturais do curso complementar englobava entretanto, no 10º ano, uma disciplina de Ecologia. Ora, mais do que qualquer outra vertente, a Ecologia não se estuda nem se ensina dentro de 4 paredes. A 22 de Março de 1988, pouco mais de um mês depois de Doñana e de S. Jacinto ... estava a sair para o Gerês com os meus alunos de Ecologia! Embora só por 3 anos (10º ao 12º),
Tourém, forno comunitário, 22.03.1988
estes alunos constituiriam aliás mais um grupo a acompanhar quase sem alterações, com muitas e diversas "aventuras" partilhadas em conjunto. Por outro lado, a visita ao Gerês de Março de 1988 foi a primeira actividade que contou também com a participação de dois outros professores e grandes amigos, que daí para a frente viriam a fazer parte de uma espécie de "núcleo duro" das actividades de campo organizadas na Escola Secundária de Sacavém. Mais do que nunca, tinha nascido uma equipa interdisciplinar, permitindo fazer destas "viagens" verdadeiras aulas vivas, em que os saberes partilhados   se   cruzavam   com   os  sabores  da  amizade,   da   sã
Nas ruas de Tourém, 22.03.1988
camaradagem, da alegria de viver.
E assim, levei estes novos alunos a Tourém e a Pitões. Aprenderam que a Ecologia também engloba a vertente humana, que as populações humanas fazem parte integrante do meio ambiente; aprenderam histórias de comunitarismo nestas pequenas aldeias, visitaram o forno comunitário e a fonte das solteiras; ouviram histórias sobre  o  boi  do  povo  e a sua função como reprodutor;  conviveram
Na fonte das solteiras, Tourém, 22.03.88
com a população; aprenderam o que não vem nos livros nem nos programas...
A Srª Maria e a "Casa do Preto", em Pitões das Júnias, receberam este novo grupo com o calor habitual: o calor da hospitalidade ... mas também o calor da lareira, ao crepitar da qual nos reuníamos à noite. E, num esplendoroso dia de uma Primavera há pouco iniciada, a "aldeia mágica" de Pitões recortava-se contra as alturas da Serra do Gerês. A fraga de Brazalite, os cornos da Fonte Fria ... como que nos chamavam para uma fantástica travessia ... há muito sonhada!
Pitões das Júnias ... a "aldeia mágica", com as alturas da Serra do Gerês como pano de fundo - 22.03.1988
Mas para já, em 1988, os percursos efectuados - ao Mosteiro e à Cascata de Pitões - eram novos para todos menos para mim. Houve lugar, pelo caminho, à aprendizagem de regras básicas de orientação no campo; mas também houve lugar à história do Mosteiro e dos eremitas que se estabeleceram nesta região, presumivelmente nos finais do século IX.
E, como já vinha sendo habitual, de Pitões "mudámo-nos" para o Vidoeiro, mas agora para as camaratas da casa-abrigo do Parque Nacional. Esta casa-abrigo, estas camaratas e o salão anexo passaram a ser o poiso principal na maioria das minhas idas ao Gerês com alunos. Quantas histórias, anedotas, músicas, brincadeiras, ali contámos, cantámos e brincámos, todos! Quantas amizades, convivência ... crescimento!
Mata da Bouça da Mó, 24.03.1988
Marcos miliários, ao longo da geira romana
A geira romana foi mais uma vez percorrida, de S. João do Campo à Portela do Homem. E mais uma vez descemos às piscinas naturais do rio Homem ... aliás local mais que convidativo para o almoço...J
Na Portela do Homem, era obrigatória a foto de grupo ... em terra galega.
Junto às piscinas do rio Homem
Fronteira da Portela do Homem, lado galego, 24.03.1988
Fronteira da Portela do Homem
Para não variar, as "etapas" seguintes foram a Pedra Bela e a Cascata do Arado, pois claro! Para eles eram novidade, para mim não ... mas nunca até hoje me cansei de ali ir, de partilhar aquela Natureza, aquela comunhão.
Pedra Bela, 24.03.1988
Cascata do Arado, 24.03.1988
Junto à Cascata do Arado, 24.03.1988
O Gerês deixa sempre saudades. Com alguns dos alunos que participaram nesta 4ª visita, e alguns outros, um ano depois estaríamos a concretizar um sonho...! Mas também com alguns destes mesmos alunos e outros ... 3 meses depois estávamos nos Pirenéus!
14 de Fevereiro de 2011

sexta-feira, 19 de fevereiro de 1988

1988 ... um "ano louco" (1): S. Jacinto, Doñana ... e o que mais adiante se verá

Os "anos loucos" de 1970 a 1972 já lá iam há mais de 16 anos! Como aluno e como jovem, tinham sido os mais intensos da minha vida. Agora, como professor, o regresso à Escola de Sacavém, após o ano de interregno em S. João da Talha ... despoletou nova era de grande actividade, dentro e fora da Escola...J!
S. Jacinto, 9.02.1988
Durante o ano de 1988, levei a efeito nada menos de 5 actividades de campo com alunos ... que começaram por um regresso a S. Jacinto e a Doñana!
Reserva de S. Jacinto, casa abrigo, 8.02.88

Em 8 e 9 de Fevereiro de 1988, estava de novo nas Dunas de S. Jacinto, com alunos do 7º ano de escolaridade; e, dez dias depois ... em Doñana, com os do 12º! Tal como em 86, o Camping Rocío Playa, em Matalascañas, foi o local de pernoita ... e do muito convívio, na praia, junto à fogueira nocturna.
Esta visita a Doñana ficou aliás histórica: pela primeira e, até hoje, única vez na vida, vi um lince ibérico em liberdade!
A caminho de Doñana, 18.02.1988
Porto de Huelva, 18.02.1988
Matalascañas, 18.02.1988
Visita ao Parque Nacional de Doñana, 19.02.1988
E ... um lince em Doñana!
Palácio de El Acebrón, Doñana, 19.02.1988
Na praia de Matalascañas, 19.02.1988
Praia de Matalascañas, 19.02.1988
Há sempre uma fogueira...














E neste "ano louco" de 1988 ... um mês e pouco depois de Doñana estava mais uma vez a partir, com outros alunos ... para o "meu" Gerês!
14 de Fevereiro de 2011