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domingo, 20 de maio de 1984

Pela Serra da Nogueira e terras de Rio de Onor

Em Maio de 1984, oito anos depois de nos ter levado como alunos, o Dr. Carlos Magalhães faz-me uma proposta irrecusável: levar-nos de novo à Serra da Nogueira, agora como professores ... e com um grupo de 20 alunos - lotação do mini-autocarro disponibilizado pelos Serviços Florestais - no sentido de, eventualmente, lhes despertar interesses nas áreas da Biologia, Silvicultura, gestão florestal e afins!
17.05.1984 - Na Casa Florestal da Nogueira, oito anos depois
A minha selecção recaiu sobre um grupo de alunos do 10º ano de escolaridade, de entre os que haviam conhecido o Gerês e Doñana, mas levando também 2 novos alunos do 7º ano que haviam já demonstrado uma grande paixão pelas ciências da vida.
E assim nos preparámos para 4 memoráveis dias, de 17 a 20 de Maio de 1984. Nós, a família Magalhães e os alunos ... todos ficámos instalados na pequena casa florestal que já nos havia acolhido em Junho de 1976! Como havia um palheiro, os alunos pediram-nos autorização para lá pernoitarem, autorização que lhes foi concedida ... até voluntariamente começarem a "migrar" para dentro de casa, durante a noite ... à
18.05.84 - A noite ... tinha sido de neve
Serra da Nogueira coberta de neve
medida que caía um considerável nevão...J!
Aqueles dias foram ricos em experiências e vivências inesquecíveis, tanto para os meus alunos como para nós. Acompanhámos por rádio alguns elementos da população de lobos  da  Serra  da  Nogueira,
No cercado dos lobos da Nogueira
Viveiro de trutas de Montesinho, 19.05.84
visitámos o cercado onde se encontravam alguns em recuperação, ou jovens cujas mães haviam sido abatidas, fizemos vigias nocturnas para tentar ouvir os uivos, identificar vestígios da sua presença, etc..
Mas também alargámos o "raio de acção": da Nogueira fomos à Serra de Montesinho e aos viveiros de trutas, próximo da aldeia de França, a aldeia onde, nos tempos da emigração para França, muitos dos nossos emigrantes eram deixados por "passadores" sem escrúpulos, dizendo-lhes que já tinham dado o "salto" e já se encontravam na "terra prometida".
E de França fomos ainda à lendária Rio de Onor, aldeia comunitária atravessada a meio pela fronteira entre Portugal e Espanha. As duas partes são conhecidas pelos seus habitantes como "povo de acima" e "povo de abaixo", numa única identidade que as fronteiras não dividem. Corremos as ruas de ambos os lados da imaginária linha divisória, admirámos as casas tradicionais, de pedra, compostas como em todo o norte pelo andar de cima, onde moram as famílias, ficando o gado, os cereais e outros produtos da terra na "loja", no andar de baixo.
Rio de Onor, 19.05.1984
Na linha de fronteira em Rio de Onor, 19.05.1984
Aspectos de Rio de Onor,
19.05.1984
 
Mais uma vez, regressámos mais ricos desta "ronda" por terras transmontanas. Ainda hoje contacto com alguns dos então alunos daquele grupo, para alguns dos quais esta era já a quarta "aventura" vivida pela minha mão. Nunca mais soube nada, contudo, dos tais dois alunos, então no 7º ano de escolaridade, que entendi levar também. Eram irmãos, rapaz e rapariga ... e ainda hoje tenho presente o fácies de satisfação e de gratidão, principalmente dele, por os ter seleccionado para aquela experiência e para aquelas vivências.
6 de Fevereiro de 2011