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quinta-feira, 28 de julho de 2005

6 dias nos Valles del oso e no paraíso de Somiedo!

Em Julho de 2005, eu estava nos Caminheiros Gaspar Correia há já quase 3 anos ... e não se tinha proporcionado ainda levá-los a nenhuma das minhas "terras natais"! Já tinha estado no Gerês com eles, mas não por minha orientação. A Vale de Espinho e às terras da raia, já várias vezes tinha feito a proposta, mas, sendo uma actividade de vários dias, não tinha ainda sido "eleita" para o calendário do Grupo. Assim, acabou por ser mais fácil que Somiedo fosse a primeira das "minhas" terras a dar a conhecer à minha "família" Caminheira, numa actividade extra, de verão. 6 dias, de 23 a 28 de Julho.



Tierra de leyendas, de vaqueiros, de osos, de bosques y lagos, de montañas, de buena gente...

No dia 23 de Julho, a já bem conhecida A66 leva-nos até à barragem do rio Luna. Já no final da "etapa", entrámos nas Asturies pelo Puerto Ventana (1586m de altitude), muito justamente também chamado
Sobre Villanueva de S.to Adriano, Ruta de las Xanas, 24.07.2005
a “Ventana del Paraíso”. Logo aí todos se começaram a maravilhar com as magníficas paisagens. Foram quase 800 Km até ao nosso primeiro destino, San Martín de Teverga, que partilha com os concelhos de Quirós, Proaza e Santo Adriano os chamados Valles del Oso (vales do urso), limítrofes com o Parque Natural de Somiedo. As instalações foram as camaratas do meu já conhecido Albergue San Martín, onde havíamos ficado com alunos 5 anos antes. De certo modo ... estava a transpor para os Caminheiros aquilo que havia feito com alunos durante mais de 20 anos!...
Onde levei portanto os Caminheiros, em 2005? Aos mesmos paraísos e às mesmas "aventuras" que tinham maravilhado os alunos! No dia 24 estávamos a fazer a Ruta de Las Xanas, a almoçar na Casa Generosa de Pedroveya, a visitar o Museu Etnográfico de Quirós. E, para grande orgulho meu, os Caminheiros estavam a começar a conhecer e a admirar aquelas paisagens deslumbrantes, a alma daquele povo que ama a terra, a vida,  o  ar  que respira,
Ruta de las Xanas, 24.07.2005
os bosques e as montanhas, de onde saem xanas e nuberus, através dos costumes e das tradições ancestrais, da cultura popular, da música, da gastronomia.
Ruta de las Xanas
O segundo dia nos valles del oso foi para a Senda del Oso, o trilho cilista igualmente feito com os alunos. Os ciclo-caminheiros fizeram cerca de 22 km e os pedestres 16,5 km. No fim, faltava uma bicicleta, quando já todos as tinham entregue.
Barragem de Valdemurio, Rio Trubia, 24.07.2005
Todos? Não! Um nosso amigo tinha passado pelo grupo como um OVNI e continuaria ainda a pedalar, se entretanto não lhe disséssemos que não era para ir até Lisboa de bicicleta...J! Lá vimos o cercado das ursas Paca e Tola, mas a Paca e a Tola estavam à sombra do arvoredo e não nos obsequiaram com a sua presença. E terminámos a tarde na Colegiata de San Pedro de Teverga, onde tivemos a prevista visita guiada ... seguida de uns bons momentos de convívio e degustação da sidra, no bar em frente...J!
Senda del Oso, 25.07.2005
Senda del Oso, 25.07.2005
Dia 26 partimos cedo de Teverga para Somiedo. 13 km depois estávamos no Puerto de San Lorenzo, onde começámos o percurso pedestre do Cordal de la Mesa ... que eu havia percorrido a solo no ano anterior. A dificuldade moderada que eu havia divulgado foi considerada um pouco mais do que moderada, mas toda a gente encheu as vistas e apreciou as espectaculares panorâmicas deste percurso. Em Saliencia, fim do percurso, o bar do Albergue foi também ricamente apreciado, já na companhia do meu "velho amigo" Roberto Menéndez. E às 6 e pouco da tarde estávamos no Hotel “Castillo del Alba” e no Camping “La Pomarada de Somiedo”, em Pola de Somiedo.
Cordal de La Mesa, 26.07.2005
Cordal de La Mesa, 26.07.2005
Braña de La Mesa, 26.07.2005
Veigas de Camayor, 27.07.2005
Dia 27, o grupo dividiu-se em dois: os mais resistentes, partiram comigo para o percurso dos Lagos de Saliencia. Em 2002, o Roberto tinha-me guiado com o grupo de alunos neste percurso. Agora, em 2005 ... guiei eu os Caminheiros, com base também no GPS e no estudo das cartas, com uma derivação em relação ao percurso feito 3 anos antes: em vez dos Picos Albos, para suavizar um pouco o percurso optei pelas Veigas de Camayor, "conquistando" assim o Lago del Valle por noroeste. Às três da tarde estávamos em Valle de Lago (e que bem souberam as cañas e os gins...J), terminando próximo de Villarin. Alguns ligeiros salpicos souberam até bem (e que saudades tínhamos de chuva...), em nada dificultando as extraordinárias panorâmicas daquelas paragens somedanas.
O Vale do Rio del Valle, desde sobre o Lago del Valle, Somiedo
Entretanto, a partir de Villar de Vildas, o grupo mais soft fez o percurso de La Pornacal, guiado pelo Roberto Menéndez, e daí à Braña Vieja, na base do espectacular vale de Cerezales e ao longo do rio Pigueña, um dos principais habitats do urso pardo cantábrico. A braña de la Pornacal é a maior e melhor conservada de Somiedo.
Braña de la Pornacal, vale do Pigueña, 27.07.2005
O sénior do grupo, com o guia Roberto Menéndez, 27.07.2005
A "Taberna Folk" que tinha servido de cenário a uma noite celta, em 2000, com alunos, tinha infelizmente mudado de gerência e deixado de fazer espectáculos. Mas ... eu tinha de arranjar uma noite com música asturiana...J! E pegando precisamente na pesquisa sobre os contactos de um dos membros dos Dubram, que haviam actuado em Santa Marina de Quirós em 2000 ... consegui uma actuação exclusiva do grupo folk asturiano La Bandina'l Tombo, no Camping, em Pola de Somiedo. E assim, a última noite destas "Astúrias 2005" foi de música, alegria ... e baile.
O último dia começou com o percurso à braña vaqueira de La Peral e ao Miradouro Príncipe de Astúrias, sobre o imponente vale de Somiedo. Depois ... foi o adeus às Astúrias e a estas terras de sonho. O regresso foi recheado de discursos emotivos, de histórias e de estórias que ficarão para sempre na história dos Caminheiros e de cada um dos que viveram aqueles dias.
4 de Julho de 2011

domingo, 17 de julho de 2005

Junceda - Calcedónia e Arado - Borrageiro - Teixeira: pelos tesouros do Gerês!

Em Julho de 2005 regressava ao "meu" Gerês! Desta vez "pela mão" do CAAL, no fim de  semana de 16  e
Do miradouro da Junceda, sobre o Gerês, 16.07.2005
17. E esta foi, sem dúvida alguma, a mais espectacular actividade em que participei com aquele Clube. Com base no Parque de Campismo da Cerdeira, fizemos duas caminhadas fantás-ticas, que me permitiram conhecer alguns tesouros do Gerês que, até aí, me estavam ainda escondidos. Sábado, a partir do parque, subimos à Junceda, ao geodésico das Lamas e ao mítico cabeço da Calcedónia, onde já diversas vezes tencionara ir. A Calcedónia é um cabeço granítico,
Fenda da Calcedónia, 16.07.05
cujo cimo se atinge atravessando uma estreita fenda situada entre duas enormes lajes graníticas. Ali terá existido uma lendária "cidade", mais provavelmente um povoado fortificado da alta idade média, de que se observam restos de muralha, feita de grandes blocos graníticos. A passagem da fenda da Calcedónia quase nos dá a sensação de uma passagem para outra dimensão, para um outro universo, um universo com a força do granito e dos três minerais que o compõem, o feldspato, a mica e o quartzo. Esse enigmático quartzo, composto por ametista, citrino, calcedónia, cornalina, ágata e jaspe. Dela, da calcedónia,
No cabeço da Calcedónia, 16.07.2005
diz-se que harmo-niza o corpo, a mente, o espírito e as emoções. Diz-se, também, que promove a estabilidade mental e é útil na comunicação verbal, proporcionando clareza de discurso.
Depois, domingo, a "aventura" era subir da Ponte do Arado ao Borrageiro, pela Chã de Pinheiro e Roca Negra, descendo depois aos autênticos paraísos perdidos do Camalhão e da Teixeira. E foi efectivamente uma jornada memorável, pelo Gerês puro e duro. Nunca o granito me revelara a nossa pequenês como naquele dia, ali, naquela imensidão de rocha. A dimensão granítica transfor-ma qualquer um em simples mortal, com o tempo bem definido. Mais do que palavras, as imagens revelam parte do mundo que se me estava a revelar, naquele mundo mágico do "meu" Gerês!
A Roca Alva, vista da Chã de Pinheiro, 17.07.2005
No Gerês puro e duro, a caminho do Borrageiro, 17.07.2005
Subida para o Borrageiro, 17.07.2005
Subida para o Borrageiro, 17.07.2005
Descida do Borrageiro para a Chã da Fonte, 17.07.2005
Do Borrageiro, descemos ao Curral do Camalhão e ao vale da Teixeira, pela Chã da Fonte. Outros dois tesouros escondidos! É claro que esta era uma caminhada dura para a maioria dos alunos que andaram comigo, mas, durante tantos anos a levar alunos, nunca imaginei que acima das piscinas naturais do Arado - onde até algumas vezes subi com alguns - existiam aqueles autênticos paraísos perdidos. O Camalhão e, principalmente, o vale da Teixeira ... é um autêntico Shangri-La, o vale perdido de James Hilton, onde o tempo parece deter-se, onde se acredita num mundo novo possível.
Mas ... tínhamos de regressar ao mundo real. E, em vez de regressar ao Arado, da Teixeira desviámos para poente, em direcção ao Varejeiro e à Pedra Bela, onde terminou esta fabulosa jornada "pelos tesouros do Gerês".
17 de Junho de 2011

                  
Cerdeira - Junceda - Calcedónia - Covide, 16.07.2005
Arado - Borrageiro - Camalhão - Teixeira - Pedra Bela, 17.07.2005