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domingo, 30 de junho de 1996

De Vale de Espinho ao "desbravar" da Malcata...

Depois do périplo açoreano ... 1996 continuava a avançar. Em Junho, quase em fim de ano lectivo, levo os alunos mais jovens à Arrábida, em passeio e praia. Também em passeio, mas familiar, o parque de campismo de Porto Covo recebeu-nos para mais um fim de semana autocaravanístico. E, também na autocaravana ... a 28 de Julho partimos para férias.
Vale de Espinho foi o primeiro destino. A autocaravana "acampou" na Rua da Fonte, frente  à  casa  da  tia
Comunhão com a Malcata, 30.07.1996
onde costumávamos ficar ... e muito perto do palheiro que mais tarde viria a ser a minha casa! A autocaravana tinha permitido levar também a bicicleta ... e 1996 foi o primeiro de muitos anos de "explorações" pela Serra da Malcata, a solo, só eu e a Natureza. Até aí, já tinha subido à Pelada, às Fontes Lares, já tinha percorrido os lameiros do Côa, do Vale da Maria, do Alcambar. De carro, já tinha ido à Machoca, ao Meimão e à barragem da Meimoa. Mas a bicicleta permitia outros "voos" ... desbravando as terras do velho lince ... que infelizmente nunca vi na serra. Assim ... "dobrei" o limite das Beiras, pela Fonte Moira e Cabeço do Clérigo, corri ao longo da raia, com a Marvana no horizonte e Pesqueiro aos pés ... e desci à Quinta do Major, à beira do Bazágueda, o "gémeo" do Côa na vertente sul da Malcata. Na altura, ainda não conhecia as lendas da Marvana, a história das gentes que viveram na serra, que labutaram nos olivais ou nos campos de milho da Quinta do Major, justificando a velha eira que fui encontrar ao lado das ruínas da casa grande da quinta. Regressando pela Lomba do Espigal e pela Ventosa, voltei a Vale de Espinho, guiado por velhos mapas e pela minha orientação. Os GPSs estavam ainda muito incipientes...


Estes dias em Vale de Espinho foram também os de uma ligação mais íntima às memórias do Côa, dos velhos moinhos de água que faziam rodar as mós agora inertes. O velho moinho do Engenho parecia querer contar bem alto as histórias da fábrica de mantas e da "fábrica" de luz, que ali existiram em tempos. Histórias saídas do baú das recordações, das memórias contadas pelo meu saudoso sogro ... e a ele contadas pelas gerações antes dele. O velho moinho da Nogueira, que ainda tinha pertencido à família, num dos locais mais paradisíacos do Côa. E muitos mais lugares mágicos, ao longo do Côa, na serra ... e nas serras em redor. Viessem mais anos ... que eu tinha muito para explorar.
30 de Março de 2011