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sábado, 3 de junho de 1978

E um dia eu sou professor ... das Ciências da vida ao ar livre!

A paixão pelo Ensino, pela docência, pelo lidar com os jovens ... ganhou! Tanto mais que a minha companheira, "saída na rifa" das lides académicas, também perspectivava a carreira do ensino. Assim, num
Na Tapada de Mafra, a caminho da
Tojeira, com o primeiro de muitos
grupos de alunos - 28.05.1977
ano lectivo ainda meio agitado pelas turbulências (1976 / 77), em Janeiro de 1977 iniciámos a última "etapa" da licenciatura em Biologia: o estágio educacional, no ainda Liceu Padre António Vieira. Íamos começar a tentar transmitir a sucessivas gerações de jovens a nossa paixão pelas Ciências da Vida, pela Natureza, pelos grandes espaços naturais!
28 de Maio de 1977 assinalaria a primeira de muitas actividades de campo realizadas com alunos. Pequena, modesta ... mas demos a conhecer aos nossos alunos de estágio a Tapada de Mafra, que nos havia sido revelada dois anos antes.
E a 20 de Julho terminávamos a Licenciatura. Éramos, doravante ... professores...J!
Santa Cruz, Agosto de 1977

O estágio educacional, tal como aliás a maior parte do curso, tinha sido  feito em paralelo com o emprego,  que,  desde  Agosto  de 1974,
Cabo Carvoeiro, Peniche, 4.08.1977
tinha sido no Arquivo de Identificação de Lisboa. Ali fiz bons amigos ... e com eles passámos os verões de três anos consecutivos, em Santa Cruz e "arredores". Como já se nota na foto à esquerda, a Natureza ía-nos também trazer ... o primeiro filho! Na primeira quinzena de Outubro de 1977 deixei o Arquivo de Identificação, fomos colocados como professores ... e nasceu o João...J!

A Escola Secundária de Sacavém ia começar a fazer parte da minha vida, constituindo também ela origem e fim, em si mesma, da minha paixão pela Natureza, pelo pedestrianismo, pelo desbravar dos grandes espaços. Ao longo de 31 anos - apenas com 3 anos intermédios noutras escolas - largas centenas de alunos deixaram-me recordações as mais gratificantes. Se lhes transmiti a minha paixão pela Natureza e pelos seres vivos, o meu amor pelos campos, montanhas e vales - do  estuário  do  Tejo  aos  Pirenéus,  de
Trabalhos de campo nos jardins do
Seminário dos Olivais, 20.02.1978
Castro Marim e de Doñana ao Gerês e à Cordilheira Cantábrica, a quase todas as ilhas dos Açores e da Madeira - também com eles aprendi de certo modo a viver e a conviver, a revivificar as minhas experiências e vivências. Muitos deles são, ainda hoje, bons amigos. A lição do Ribau tinha sido, creio ... bem aprendida.

Logo no primeiro ano de docência "a sério", o programa de Ciências da Natureza do 7º ano de escolaridade apontava para a realização de trabalhos de campo, fora dos muros da escola. Os jardins do Seminário dos Olivais, na Portela, estavam ali mesmo à mão para esses trabalhos. Mas, na manhã do dia 18 de Março de 1978, os noticiários disseram-me que a "minha" Faculdade de Ciências, na Rua da Escola Politécnica, tinha sido consumida pelo fogo! As lágrimas correram-me fáceis e, à tarde, depois das aulas, não me contive sem ir ver o que restou da tragédia, naquela que tinha sido a minha "casa", durante 5 anos.
E ainda nesse mesmo ano, dois locais "de culto" tinham de receber os meus alunos: a Arrábida ... e a Tapada de Mafra!
Em excursão à Arrábida, 27.05.1978
Tapada de Mafra, 3.06.1978


30 de Janeiro de 2011