O mês de Junho de 2010 foi de intensa actividade, com os
Caminheiros Gaspar Correia. Para além da habitual caminhada
mensal que seria na Serra de Montemuro, no fim de semana de 19 e 20 há muito
que eu idealizara também levar um grupo restrito, em actividade extra ... para
uma travessia Pitões das Júnias -
Portela do Homem, pelos Carris! No
calendário de 2010, essa travessia tinha ficado agendada para o fim de
semana grande do 10 de Junho. Foi para ela que em Maio tinha feito a
prospecção na Serra Amarela, que complementaria esta actividade TransGerês.
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Pitões das Júnias, "Casa do Preto", 11.06.2010 Com as amigas de há tantos anos, as Sr.as Marias |
E assim, na tarde do dia 10 de Junho, com mais 26 caminheiros "aventureiros"
(incluindo a minha "sócia" caminheira), estávamos na aldeia "mágica" de
Pitões das Júnias. O tempo ... esse é que desta vez não
parecia estar do nosso lado. A previsão era de muitas núvens, alguma chuva ou
aguaceiros, que aliás pelo caminho se concretizaram. A nossa travessia estava
deveras condicionada.
De qualquer modo, pouco depois de chegarmos, fomos fazer o "aquecimento" para
a travessia, descendo ao velho Mosteiro das Júnias e à
cascata de Pitões. Escusado será dizer que o alojamento
e o jantar ... foram na habitual "Casa do Preto", com as minhas amigas de há tantos anos, as Sr.as Marias.
Dia 11 de manhã ... havia que decidir. O tempo estava feio: alguma chuva
miudinha, núvens baixas; a previsão apontava para alguma melhoria ... mas
pouca. A travessia pela cumeada não era de todo aconselhável. Mas, face às
previsões meteorológicas ... eu tinha estudado um Plano B...: talvez
pudéssemos fazer a travessia a meia encosta, pela Capela do
S. João da Fraga e junto aos
Cornos de Candela. Só que ... nunca havia feito esse percurso
... e tinha 26 pessoas para levar.
A minha confiança nas cartas e no GPS era contudo total, sabia que não
nos perderíamos ... mas evidentemente que as condições foram expostas aos meus
parceiros ... que entenderam confiar totalmente naquela minha certeza. E,
felizmente ... pelas 6 e meia da tarde estávamos todos na Portela do Homem!
Apesar das condições do tempo, esta travessia do Gerês acabaria por ser
fabulosa. Começando com chuva miudinha, embrenhámo-nos no carvalhal que desce
(e bem...) aos ribeiros da Aveleira e do
Beredo, para depois subirmos ao morro do
S. João da Fraga. Passámos perto da velha e perdida aldeia do
Júriz, mas a dimensão da jornada e as condições atmosféricas
aconselhavam a não fazer desvios. E subir ao
S. João da Fraga é qualquer coisa de espectacular ... até
porque os deuses nos começaram a dar algumas abertas. Com
Pitões no horizonte, toda a encosta sul do Gerês está aos
nossos pés, da barragem de Paradela às
Lagoas do Marinho.
Depois, a jornada transformou-se numa travessia propriamente dita ... a
travessia das múltiplas ribeiras e corgas a atravessar, o sobe e desce dos
respectivos vales, a envolvência espectacular da Natureza agreste, a sensação
de "perdidos" naqueles "meus" montes e vales mágicos! Passámos a sul dos
Cornos de Candela, cruzámos as
Lamas do Compadre e a Biduiça ... e cruzada
a Ribeira das Negras já estava em terreno conhecido! Daí para
a frente, era subir à Lamalonga e, eventualmente, aos
Carris.
Mas subir aos Carris naquelas condições atmosféricas não
traria mais valias significativas à travessia, até porque entretanto as
abertas regrediram e a chuva passou a mais ou menos contínua. Optei portanto
por cruzar a Lamalonga no sentido leste - oeste, cruzando a
cabeceira da Barroca de Trás da Pala, em direcção aos
currais das Abrótegas. Antes das três da tarde ...
estávamos no estradão dos Carris!
Dado que em 2008 subi aos Carris vindo de Lapela, esta foi a segunda vez que
fiz o estradão dos Carris ... 21 anos depois de o ter
descido, com alunos,
em 1989! A descida do vale do Alto Homem é qualquer coisa de
espectacular, mesmo num dia grandemente enevoado como aquele. Mas o
estradão ... ficou baptizado
como "o quebra molas" pela maioria dos companheiros que fizeram esta
travessia comigo. Efectivamente, custa a acreditar que por ali já passaram
veículos, ligeiros e pesados, durante as décadas em que as Minas dos Carris
estavam em pleno labor. Em Junho de 2010, a maior parte do "estradão" era um
mar de calhaus soltos, na reduzida largura de um carreiro em que a vegetação
se encarregou, nas últimas décadas, de ocupar a restante largura.
E findo o estradão, na Ponte de S. Miguel ... o mini-autocarro esperava-nos.
Tínhamos percorrido 26 km de serra, não pelo percurso previsto, sempre com um
dia muito cinzento e chuvoso ... mas todos estávamos felizes pela belíssima
caminhada que tínhamos acabado de fazer. No dia seguinte ... seria a vez da
Serra Amarela! A pernoita foi no Xurés galego, em
Lobios ... no
Hotel Lusitano.
1 comentário:
Foi bom recordar aqueles dias tão bem passados.
Está uma reportagem muito completa.
Obrigada
Margarete
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