Este blog está programado e paginado para Microsoft Internet Explorer. Noutros browsers, é natural alguma desconfiguração.

sábado, 14 de agosto de 2010

O Parque Nacional da Peneda - Gerês em chamas,
no trágico mês de Agosto de 2010

Nos primeiros dias de Setembro de 2009, tinha chorado pela tragédia que se abateu sobre o concelho do Sabugal, inclusive nas terras de Vale de Espinho. Em 2010, ainda nos Açores, a 7 de Agosto começo a ouvir notícias de uma calamidade que se viria a revelar trágica: o Parque Nacional da Peneda - Gerês estava em chamas! A praga dos incêndios florestais e as mãos criminosas que todos os anos os provocam iriam, em Agosto de 2010, transformar aquelas "minhas" terras sagradas em cenários dantescos.
Vale e Mata do Cabril, 15.08.2010
(Foto do blogue "Portugal Nature")
Regressado dos Açores, é principalmente no refúgio de Vale de Espinho que assisto, de longe, à tragédia que iria devorar vastíssimas zonas essencialmente da Serra do Soajo e da Serra Amarela; que assisto à guerra de informação e desinformação que a comunicação social veiculava; que procuro acompanhar, por fontes fidedignas, o evoluir da situação no terreno, inteirando-me da completa descoordenação de forças operacionais, da completa incompetência das instituições que tinham a obrigação de há muito ter prevenido a catástrofe, do completo desconhecimento dos (ir)responsáveis de gabinete do que se estava a passar e, muitas vezes, de onde se estava a passar. Mais do que nunca ... este foi um país do "faz de conta"...
Muito mais do que através dos jornais ou televisões, passo aqueles dias de Agosto a acompanhar a tragédia através dos diversos blogues e sítios na net de outros apaixonados pelo Gerês, que lá vivem perto, que estavam a viver a catástrofe por dentro, a sofrer in loco como eu tinha sofrido em Setembro do ano anterior. Apenas para citar alguns exemplos de entre os que mais acompanhei, os blogues "Carris" e "Monte Acima" fizeram um excelente trabalho de informação, com pontos da situação por vezes de hora a hora. Também o site "bordejar" e o blogue "Portugal Nature" acompanhou a triste realidade que se abateu sobre o nosso único Parque Nacional. Permito-me transcrever algumas frases retiradas do post de 14 de Agosto do blog "Monte Acima":

"Das Caldas até à Calcedonia, passando pela barragem de Vilarinho até Brufe, Germil, Soajo, Cabril... tudo preto! As manchas verdes são agora a mais rara e fugidia virtude do PNPG!
Toda a zona da (ex) Amarela virada à albufeira, até Brufe e Germil o cenário é quase pós nuclear, preto, preto, preto e mais preto... Ao longe as enormes colunas de fumo a sair do Mezio e do Soajo e depois outra coluna de fumo tão ou mais espessa a sair da Mata de Cabril.
Antes ainda, na zona do Vidoeiro (toda a encosta Oeste está queimada) o fumo continuava a sair por entre as árvores já queimadas e onde apenas a largura da estrada tinha, na noite anterior, separado o fogo das casas.
.....
Chegados a Entre Ambos os Rios, as colunas de fumo do Soajo e Mezio preenchiam o ceu, a do Soajo era qualquer coisa de assustador, enorme, de fumo preto e com labaredas visiveis a km´s, preenchiam a sua base.
.....
Paragem seguinte: onde desse para ver alguma coisa da Mata de Cabril... só possivel no viaduto sobre o Rio Cabril já junto à fronteira. O fumo era tão ou mais assustador que no Soajo, só diferente na cor, menos preto mas sempre com as labaredas visiveis no pouco que se conseguia "espreitar".
.....
quem conhecia o PNPG já não conhece!"
A 27 de Agosto, o "Público" noticia que "Durante o mês de Agosto arderam 8162 hectares no Parque Nacional da Peneda-Gerês, correspondendo a 11,7 por cento da área total daquela área protegida."
12.06.2010, Serra Amarela  /  A 12 de Agosto publico esta foto no Facebook, com a legenda ... " Esta paisagem já não existe ! "
A Serra do Soajo foi fustigada sucessivas vezes. A zona da Calcedónia foi devorada, dobrando mesmo o fogo a serra e passando para a encosta sobre a barragem da Caniçada. Diversos focos surgiram no Gerês, nas zonas de FafiãoLapela. Mas a Serra Amarela e, particularmente, a mata do Cabril, da albufeira de Vilarinho da Furna ao Ramisquedo e descendo deste ao vale do Cabril, foi talvez a área mais martirizada. A Mata do Cabril esteve mais de 15 dias a arder!
A paisagem que eu respirei na minha caminhada solitária de Maio, a paisagem que, com os Caminheiros, havíamos visto e vivido 2 meses antes, durante a TransGerês, a paisagem que nos havia levado ao minuto de silêncio em louvor à Natureza ... tinha deixado de existir! Como é possível? Em que país vivemos?...

Anacronicamente, escrevo e publico este post quando mais uma vez as chamas deflagraram no Parque Nacional da Peneda-Gerês! Ontem e hoje, um incêndio de origem quase seguramente criminosa consumiu áreas de mato na Serra da Peneda. Mais uma vez, o blogue "Carris" esteve e está em cima do acontecimento.
17 de Setembro de 2011

Sem comentários: