A 31 de Março de 1983, saí da Escola Secundária de Sacavém, com os meus alunos do 9º ano, para uma actividade de 6 dias no
Parque Nacional da Peneda-Gerês! Adultos ... apenas eu e uma das duas professoras que tinha participado na visita do ano anterior. Muitos dos alunos eram aliás os mesmos, agora no 9º ano; eles tomariam conta de nós...
J!
Em 1975, quando da visita pela mão do Professor Almaça, tínhamos almoçado um dia em
Pitões das Júnias. O almoço, o local, a casa rústica onde no-lo serviram, a simplicidade e afabilidade da simpática aldeã que geria a casa ... não me tinham saído da memória. Tinha de lá voltar ... tanto mais que a senhora
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Pitões das Júnias, 31.03.1983 |
alugava quartos a quem visitava a aldeia e a serra! E é assim que conheço pela primeira vez a Sr.ª Maria e a sua "
Casa do Preto" ... minha amiga em Pitões há quase 30 anos ... bem como a sua filha Maria ... e, mais tarde, a sua neta Sandra! E é assim que centenas de alunos meus passaram pela "Casa do Preto", ao longo de 20 anos, convivendo à sua lareira, adquirindo experiências e vivências inimagináveis para a maioria deles, para quem a aldeia, a serra, o gado, a lavoura, a vida dura ... só existiam quando muito num imaginário remoto. Ficavam por vezes 4 e 5 em cada quarto, porque mais quartos não havia. E que náuseas lhes davam quando descobriam que o "alcatrão derretido" de que eu lhes falara previamente ... eram as ruas cobertas do esterco das vacas! Rapidamente concluíam, no entanto ... que era bem melhor e mais saudável do que o cheiro ao Trancão dos anos 80...
A primeira "aventura" foi a descida ao Mosteiro e à cascata de Pitões. Mas também a visita a
Tourém, perdida lá no fundo, entre o planalto da Mourela e a Barragem galega de Salas. E, naquele primeiro dia de Abril ... a nevar ... foi uma festa para quem quase não sabia o que era neve! Mas o relógio de Sol, o forno comunitário, a fonte das solteiras ... tudo era novo e deslumbramento para aqueles rapazes e raparigas que, comigo ... estavam a descobrir a vida. Não sei porquê ... mas não houve nenhuma rapariga do grupo que não bebesse água da fonte das solteiras; reza a tradição que, se não o fizesse ... nunca mais se casaria!
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Mosteiro de Pitões, ou de Sta Maria das Júnias, 1.04.1983 |
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No Mosteiro de Pitões, 1.04.1983 |
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Cornos das alturas, vistos de Pitões, 1 de Abril de 1983 |
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Estrada Pitões - Tourém, a nevar, 1 de Abril de 1983 |
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Parte do grupo no Gerês, 2.04.1983 |
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mais alguns... |
De Pitões passámos ao Gerês, nos mesmos moldes do ano anterior: campismo no Vidoeiro e Pensão Baltazar. Dois dias, em que subimos a pé até à Pedra Bela e à cascata do Arado e, no segundo, à Junceda. Ao contrário de 1982, o tempo não estava convidativo a banhos; aliás à noite, no Vidoeiro ... quase se ouviam os dentes a bater...
J! Mas nada que uma boa fogueira não aquecesse...
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Pedra Bela, Gerês, 2 de Abril de 1983 |
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Subida do Gerês à Junceda, 3 de Abril de 1983 |
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Na Pedra Bela, 2 de Abril de 1983 |
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Junceda, 3 de Abril de 1983 |
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Perto da Junceda, 3 de Abril de 1983 |
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Vigo: praia de Samil e ilhas Cíes, 4 de Abril de 1983 |
Esta segunda "romagem" escolar ao Gerês teve ainda um complemento galego, com uma pequena visita a Vigo ... e a contemplação das "mágicas" ilhas Cíes. E, no regresso ... já todos trazíamos ideias para próximas "aventuras", com este mesmo grupo de alunos.
5 comentários:
E em 1996 (no início do 8º ano de escolaridade - o primeiro fim-de-semana fora, sem pais!) foi também assim :) excluindo a neve, que só vimos em 1999. Não me vou atrever a deixar a memória vaguear, porque suspeito haver limite de caracteres. Por isso, e porque mais nada parece fazer grande sentido: muito obrigada :) beijinhos (para ambos, claro)
Oh sou identificada com username - acho mal. Cristiana Franco, daqui :)
Olá Cristiana! A identificação é a que tiveres no teu perfil do Blogger. Obrigado eu, pelas tuas palavras, mas também pela amizade e pela riqueza de vivências com que tu e a larga maioria dos meus ex-alunos contribuíram para aquilo que eu sou.
Nestes tempos conturbados da educação sabe bem recordar o meu tempo de aluna. Ao ler cada descrilçao fico com saudades desses tempos de sã convivência com professores que nos transmitiam o seu saber ser e viver. Se hoje sou professora a eles devo o gostar desta profissão. Muito obrigada. Continue. Anabela
Bem podia nevar, ou haver alcatrão fumegante nos caminhos, para esta escola ao ar livre, que não era por isso, que os alunos deixavam de estar motivados para aprender as matérias que, não vindo nos manuais, eram tão ou mais importantes, para a sua formação como cidadãos conscientes dos valores da Natureza. Hoje, este professor não teria as mesmas condições para organizar estas lições de vida...
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