A "descoberta" do Gerês, no "verão quente" de 1975, acentuou definitivamente a revolução que me transformaria no amante da montanha, das serras e dos vales, das florestas. Não, não tinha ainda carro, nem carta de condução, que os magros salários não davam para esses luxos. Por isso ... até as idas a Vale de Espinho eram de comboio ou de autocarro ... ou as duas coisas. Em Agosto de 1975, grande parte das férias lá foi de novo na aldeia arraiana que já começava a ser minha. O Freixial era sempre o ponto de convívio, de brincadeiras, dos banhos nas águas gélidas mas límpidas do Côa. Mas as "minhas botas, velhas, cardadas" já começavam também a palmilhar as "léguas sem fim" da Serra da Malcata. Contemplei pela primeira vez Vale de Espinho do Cabeço da Pelada, subi ao Cabeço da Moura, à raia de Espanha ... e extasiei-me ante a imponência das panorâmicas a perder de vista! Lá ao fundo, para sul, o cabeço de Monsanto destacava-se; a oeste e sudoeste, a Estrela e a Gardunha altaneiras; a nascente, as serranias
de onde vem descendo o Côa ... cuja nascente só me seria revelada muitos anos mais tarde.
Acampamento nas nascentes do Alviela, 12 de Setembro de 1975 |
Mas ... a Espeleologia tinha deixado raízes ... e saudades! Na continuação dos trabalhos para a cadeira de Ecologia, porque não levar o Dr. Magalhães e os colegas que quisessem alinhar ... aos Olhos de Água do Alviela? O fim de semana de 12 a 14 de Setembro de 1975 foi o primeiro de vários ali passados, acampados junto ou dentro da gruta dos Amiais, em trabalhos de recenseamento das populações de morcegos ali existentes.
Já em Junho de 1976, levei-os também às grutas de Leceia. E voltámos à Tapada de Mafra ... no regresso da qual passámos uma memorável noite de Santo António em casa do Dr. Magalhães!
17 de Junho de 1976 - a caminho da Serra da Nogueira |
17 a 19 de Junho de 1976: também pela mão do Dr. Carlos Magalhães, conheço outra importante área natural de montanha, a Serra da Nogueira, lá nas terras de Trás-os-Montes. Ficámos todos alojados na Casa Florestal da Nogueira, participando e acompanhando trabalhos de recenseamento de lobos e de cervídeos, mas também num mais uma vez excepcional ambiente de convívio e camaradagem.
A viagem Bragança - Lisboa, feita numa velha Portaro dos Serviços Florestais ... foi uma aventura. Mas, mesmo assim ... "desviámos" a Portaro: a família Magalhães foi conhecer Vale de Espinho!
E as cadeiras do curso de Biologia iam avançando; no verão de 1976, estávamos a completar o 4º ano ... e
a precisar de férias...J! 1ª semana de Agosto: uma semana acampados no Portinho da Arrábida! Depois ... Santa Cruz e o regresso às Berlengas!
17.07.1976 - Nos salgados de Corroios, com o Professor Fernando Catarino |
No dia 13 fizemos uma jornada a pé ao longo das arribas, de Santa Cruz à praia da Corva, a norte de
Porto Novo.
Porto Novo.
E na 3ª semana voltámos a acampar no paraíso das Berlengas, com 3 amigos feitos ainda no velho "Cabo Avelar Pessoa".
Acampamento na Berlenga |
Em Setembro/Outubro de 1976 ... nova "revolução"! Como todas as revoluções, implicava uma decisão: ia fazer o final do curso de Biologia com Formação Científica ou Educacional ? A chama da Espeleologia
estava ainda acesa e os trabalhos com morcegos tinham-na reactivado.
Com o objectivo de uma possível especialização científica na ecologia e comportamento daqueles nossos parentes cavernícolas, em Outubro de 1976 acampámos nas grutas de Assafora, Sintra, e, dois fins de semana depois, de novo nas minhas velhas conhecidas nascentes do Alviela. Ainda comecei, aliás, um estágio científico no Instituto de Medicina Tropical, precisamente sobre parasitologia em Quirópteros.
Mas outra chama tinha estado também sempre latente: porque não ... tornar-me um Ribau? Cativar os jovens para as Ciências da Vida, para os grandes espaços naturais que eu aprendera a amar? A paixão pela docência começou a fermentar ... e viria a ocupar-me ao longo de 3 décadas!
Acampamento junto às grutas de Assafora, Sintra, 2 de Outubro de 1976 |
Colónia de morcegos nas grutas do Amiais, Alviela, 23 de Outubro de 1976 |
Com o objectivo de uma possível especialização científica na ecologia e comportamento daqueles nossos parentes cavernícolas, em Outubro de 1976 acampámos nas grutas de Assafora, Sintra, e, dois fins de semana depois, de novo nas minhas velhas conhecidas nascentes do Alviela. Ainda comecei, aliás, um estágio científico no Instituto de Medicina Tropical, precisamente sobre parasitologia em Quirópteros.
Mas outra chama tinha estado também sempre latente: porque não ... tornar-me um Ribau? Cativar os jovens para as Ciências da Vida, para os grandes espaços naturais que eu aprendera a amar? A paixão pela docência começou a fermentar ... e viria a ocupar-me ao longo de 3 décadas!
26 de Janeiro de 2011
2 comentários:
Moral da história: deixaste os Morcegos pendurados e viraste Ribau, presumo, que na variante de não fumador.
Este "digest" para "readers" vai com ritmo...
E as crónicas sucedem-se, de vento em popa, sempre à procura da melhor forma de estar na Natureza, surgindo aqui, a decisão de fazer despertar nos futuros alunos a mesma paixão!
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