Verão de 2002. A viagem à Inglaterra e Escócia já lá ia há 7 anos! Mas as terras celtas do País de Gales e da Irlanda tinham ficado para trás ... mas não tinham ficado esquecidas. Tínhamos de ir às ilhas britânicas...
Antes, contudo, no fim de semana de 7 a 9 de Junho a autocaravana levou-nos a um passeio a dois por
terras do Zêzere: Ferreira do Zêzere, Dornes, Sertã, Vila de Rei, Constância. E no fim de semana de 19 a 21 de Julho ... reunimos a equipa viajante em Porto Covo, para um ensaio geral...J!
A equipa viajante baseava-se nos mesmos três casais e nas mesmas duas autocaravanas que, em 1995, tinham chegado a John O'Groats; apenas nos filhos houve variações. E, no dia 7 de Agosto de 2002 ... estávamos a partir rumo a Santander, onde íamos apanhar o barco para o sul de Inglaterra!
Esta viagem marítima Santander / Plymouth foi épica! Levaria supostamente 22 horas ... levou 26! O Golfo da Biscaia tem alturas "tenebrosas" ... e aquela noite e madrugada foram-no sem dúvida. Por volta das dez da noite, terminou um espectáculo de variedades ... e começou a aventura! O gigante dos mares tinha 11 andares, nós estávamos no oitavo ... mas as ondas chegavam lá! O paquete de
luxo, da "Brittany Ferries", mais parecia uma galé de condenados: gente enjoada, deitada no chão dos corredores e das salas. Os autofalantes informavam que se tratava de agitação normal naquela zona, supostamente a poucas milhas da costa da Bretanha ... enquanto que o meu recém-adquirido Magellan indicava estarmos afastados da costa e da rota normal. Tínhamos entrado na era dos GPSs...
O que se passou naquela noite não foi seguramente uma agitação marítima normal. Se o fosse, a tripulação teria tomado providências ... ao passo que na manhã seguinte a maioria dos artigos expostos nas lojas de bordo estavam partidos e espalhados pelo chão. Receosos de como estariam as nossas caravanas e os nossos haveres, quando por volta das 15 horas do dia seguinte nos deram autorização para descer lá fomos ... mas felizmente estava tudo bem. E assim, às 15:30h de uma 6ª feira 9 de Agosto ... estávamos a desembarcar em Plymouth, partindo desde logo para Weston-super-Mare, para o Bristol Channel ... e para Gales. A primeira visita foi às ruínas romanas de Caerleon, onde muitos acreditam que se terá localizado também a corte do rei Artur, a mítica Camelot .
Ao longo do Parque Nacional de Pembrokeshire, chegámos ao St. David's Head, o extremo sudoeste de Gales, e ao porto de Fishguard ... onde 34 anos antes eu tinha também embarcado para a Irlanda, com os meus pais! Dessa "longínqua" viagem à Irlanda, eu tinha guardado na memória as verdes colinas, o mar ... e a música irlandesa! Na Irlanda, a música parece andar no ar, junto com os sons de uma Natureza em harmonia com a paisagem humanizada ao longo de séculos e séculos.
No sul da Irlanda, destacámos o imponente Rock of Cashel, nas planícies de Tipperary, e as cidades de Cobh e Cork. No Cobh Heritage Centre, a antiga Queenstown, revivemos a história da emigração e as tragédias do Titanic e do Lusitania. Depois, rumámos a ocidente, em direcção a Killarney e ao respectivo Parque Nacional, num cenário de montanhas, lagos e campos verdejantes de excepcional beleza.
Mas entretanto estávamos a ser testemunhas de porque é que a Irlanda é verde: todos os dias chovia! Aliás, entre Cobh e Cork, tínhamos sido já intérpretes involuntários de um célebre filme de Emir Kusturica ...
com roupa molhada estendida por tudo quanto era sítio na caravana...J! E também éramos testemunhas da opção irlandesa de deixar as estradas para o fim do programa de renovação do país: em 2002, a maioria das estradas irlandesas eram péssimas, estreitas e sinuosas, raramente permitindo mais de 30 ou 40 km/h.
Killarney recebeu-nos por 3 noites, até porque decidimos fazer de autocarro a visita ao célebre anel de Kerry, o Ring of Kerry. Em Killarney situa-se um dos mais célebres pubs de toda a Irlanda, o
"Danny Man"; claro que não podíamos perder um espectáculo nocturno, um jantar ... e umas Guinness...J!
O Ring of Kerry é uma das regiões mais selvagens da West Coast of Ireland. Ao longo da Dingle Bay, o percurso mostrava-nos as paisagens de terra e de mar onde decorreram as filmagens de "A Filha de Ryan" e "Far and Away". Quase nos sentíamos parte dos filmes! No regresso, o autocarro proporcionou-nos uma espectacular panorâmica do Parque Nacional de Killarney, a partir do
miradouro de Ladie's View.
No dia 16 começámos a "corrida" para norte, passando o estuário do Shannon, Limerick, o castelo de Bunratty e o seu Folk Park, onde revivemos a Irlanda rural de há um século atrás, e terminando essa jornada em Lahinch ... onde fomos fustigados toda uma noite pelos ventos fortes do Atlântico. No dia seguinte, partimos à descoberta dos Cliffs of Moher, as célebres falésias de argila xistosa e grés, talhadas a pique sobre o mar e que representam a imagem típica da costa ocidental e selvagem da Irlanda. Seguiram-se as Grutas de Aillwee, a baía de Galway, Sligo, Donegal ... e entramos na Irlanda do Norte. Próximo de Portrush, o atractivo natural número um da Irlanda do Norte é a Calçada
dos Gigantes, a Giant's Causeway, conjunto de colunas basálticas mundialmente famosas, construídas segundo a lenda pelo gigante Finn MacCool, para que a sua amada transpusesse o mar, desde a ilha de Staffa, na Escócia. Mas a costa dos gigantes possui também a destilaria de whiskey mais antiga do mundo, em Bushmills, datada de 1608. Depois, ao longo da costa de Antrim, esperavam-nos paisagens de sonho ... e a ponte de corda de Carrick-a-rede, frente à ilha de Rathlin e à Escócia! E em Ballycastle, frente ao Mull of Kintyre ... encontrámos um excelente camping à beira mar, onde passámos um dia de descanso espectacular, coroado por um espectacular pôr-do-Sol.
No dia 21 de Agosto estávamos em Belfast, para no dia seguinte regressarmos à República da Irlanda. Estávamos no vale do Bóinne, berço da civilização irlandesa. E, ao 17º dia de viagem, chegávamos à capital, Dublin ... onde a noite é especial...! O "Brazen Head", o mais antigo pub irlandês, fez as nossas despedidas da ilha verde esmeralda. Pouco depois das 9 da manhã de 25 de Agosto, estávamos a largar do porto de Dublin, rumo a Holyhead, no País de Gales.
Nesta reentrada em Gales, agora pelo
norte e centro, depois do castelo de Caernarfon o objectivo principal era o Parque Nacional de Snowdonia, o segundo maior parque nacional da Grã-Bretanha. Acampados no sopé do maciço de Snowdon, em Llamberis, o dia 26 de Agosto foi dedicado à montanha. O Snowdon Mountain Railway, obra de arte da engenharia victoriana, levou-nos ao cume do Snowdon, a 1085 metros de altitude. Os horizontes abriam-se e fascinavam-nos a cada curva da linha férrea. No cume ... senti-me viajar no espaço e no tempo, no espaço e no tempo da imaginação e do sonho...
Aproximávamo-nos rapidamente do fim. Dia 27 atravessávamos o interior de Gales, numa paisagem de vales verdejantes, montanhas e lagos, a lembrar a Escócia. Em MacHynlleth, o parque "Celtica" confronta-nos com a história, os mitos e as lendas celtas, o sangue da cultura e das tradições galesas. Mas o dia 27 era também o dia de um aniversário. O mentor desta "aventura celta" e autor destas linhas ... comemorava 49 anos! No dia seguinte, ao meio dia em ponto (pontualidade britânica...), estávamos a partir do porto de Plymouth, de regresso à nossa Ibéria, desembarcando em Santander 22 horas e meia depois. Desta vez, a viagem marítima foi calma...! A meio da tarde do dia 30 de Agosto estávamos em casa ... e tal como a sua antecessora 7 anos antes, esta viagem consolidou os laços de profunda amizade e união que já existiam entre os membros da "equipa". Afinal ... já todos tínhamos partilhado "aventuras" em conjunto, alegrias e tristezas, venturas e desventuras ... fragas e pragas de uma vida e de uma amizade sã e fraternal.
Antes, contudo, no fim de semana de 7 a 9 de Junho a autocaravana levou-nos a um passeio a dois por
No Golfo da Biscaia, a caminho de Inglaterra e da Irlanda, 9.08.2002 |
A equipa viajante baseava-se nos mesmos três casais e nas mesmas duas autocaravanas que, em 1995, tinham chegado a John O'Groats; apenas nos filhos houve variações. E, no dia 7 de Agosto de 2002 ... estávamos a partir rumo a Santander, onde íamos apanhar o barco para o sul de Inglaterra!
Esta viagem marítima Santander / Plymouth foi épica! Levaria supostamente 22 horas ... levou 26! O Golfo da Biscaia tem alturas "tenebrosas" ... e aquela noite e madrugada foram-no sem dúvida. Por volta das dez da noite, terminou um espectáculo de variedades ... e começou a aventura! O gigante dos mares tinha 11 andares, nós estávamos no oitavo ... mas as ondas chegavam lá! O paquete de
O que se passou naquela noite não foi seguramente uma agitação marítima normal. Se o fosse, a tripulação teria tomado providências ... ao passo que na manhã seguinte a maioria dos artigos expostos nas lojas de bordo estavam partidos e espalhados pelo chão. Receosos de como estariam as nossas caravanas e os nossos haveres, quando por volta das 15 horas do dia seguinte nos deram autorização para descer lá fomos ... mas felizmente estava tudo bem. E assim, às 15:30h de uma 6ª feira 9 de Agosto ... estávamos a desembarcar em Plymouth, partindo desde logo para Weston-super-Mare, para o Bristol Channel ... e para Gales. A primeira visita foi às ruínas romanas de Caerleon, onde muitos acreditam que se terá localizado também a corte do rei Artur, a mítica Camelot .
Ao longo do Parque Nacional de Pembrokeshire, chegámos ao St. David's Head, o extremo sudoeste de Gales, e ao porto de Fishguard ... onde 34 anos antes eu tinha também embarcado para a Irlanda, com os meus pais! Dessa "longínqua" viagem à Irlanda, eu tinha guardado na memória as verdes colinas, o mar ... e a música irlandesa! Na Irlanda, a música parece andar no ar, junto com os sons de uma Natureza em harmonia com a paisagem humanizada ao longo de séculos e séculos.
No sul da Irlanda, destacámos o imponente Rock of Cashel, nas planícies de Tipperary, e as cidades de Cobh e Cork. No Cobh Heritage Centre, a antiga Queenstown, revivemos a história da emigração e as tragédias do Titanic e do Lusitania. Depois, rumámos a ocidente, em direcção a Killarney e ao respectivo Parque Nacional, num cenário de montanhas, lagos e campos verdejantes de excepcional beleza.
Mas entretanto estávamos a ser testemunhas de porque é que a Irlanda é verde: todos os dias chovia! Aliás, entre Cobh e Cork, tínhamos sido já intérpretes involuntários de um célebre filme de Emir Kusturica ...
Killarney recebeu-nos por 3 noites, até porque decidimos fazer de autocarro a visita ao célebre anel de Kerry, o Ring of Kerry. Em Killarney situa-se um dos mais célebres pubs de toda a Irlanda, o
O Ring of Kerry é uma das regiões mais selvagens da West Coast of Ireland. Ao longo da Dingle Bay, o percurso mostrava-nos as paisagens de terra e de mar onde decorreram as filmagens de "A Filha de Ryan" e "Far and Away". Quase nos sentíamos parte dos filmes! No regresso, o autocarro proporcionou-nos uma espectacular panorâmica do Parque Nacional de Killarney, a partir do
No dia 16 começámos a "corrida" para norte, passando o estuário do Shannon, Limerick, o castelo de Bunratty e o seu Folk Park, onde revivemos a Irlanda rural de há um século atrás, e terminando essa jornada em Lahinch ... onde fomos fustigados toda uma noite pelos ventos fortes do Atlântico. No dia seguinte, partimos à descoberta dos Cliffs of Moher, as célebres falésias de argila xistosa e grés, talhadas a pique sobre o mar e que representam a imagem típica da costa ocidental e selvagem da Irlanda. Seguiram-se as Grutas de Aillwee, a baía de Galway, Sligo, Donegal ... e entramos na Irlanda do Norte. Próximo de Portrush, o atractivo natural número um da Irlanda do Norte é a Calçada
Pôr-do-Sol em Ballycastle, 20.08.2002 |
Nesta reentrada em Gales, agora pelo
Pq. Nacional de Snowdonia, 26.08.2002 |
26 de Maio de 2011
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