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sexta-feira, 24 de julho de 1992

1992 ... um "ano morno"

Tal como 89, e pelas mesmas razões, 1992 foi um ano complicado. A maioria dos refúgios e "escapadelas" foram familiares. Na escola, com o Clube "Amigos da Natureza", o ano foi nitidamente um ano "morno": apenas duas actividades de campo ... uma delas de apenas um dia. Eram as fragas e pragas do destino...! Aliás ... um jovem agrupamento musical, procurando a fusão entre a tradição portuguesa e as sonoridades celtas, lança em 1992 o seu primeiro álbum ... que inspirou o título deste blog! Sebastião Antunes, mentor do que no fim da década de 80 tinham sido os "Peace Makers", lança em 1992 o primeiro álbum da "Quadrilha", intitulado ... "Contos de Fragas e Pragas".

De lendas perdidas do pó das pedras ou de contos aprendidos à lareira quase apagada, nasceu uma boa parte da inspiração para este trabalho que dedicamos, com um abraço forte, a quem acredita na nova música popular portuguesa.
(Sebastião Antunes, "Contos de Fragas e Pragas")

A minha paixão pela Natureza começava a alimentar-se também da música tradicional, das "lendas perdidas no pó das pedras", de contos aprendidos em lareiras quase apagadas. A música popular traduz as tradições, a cultura, as memórias de um povo, música, tradições e memórias sem as quais se perde a identidade cultural, a alma desse mesmo povo. À medida que aumentava e amadurecia a minha paixão pela
Natureza, pelo mundo rural, pelos grandes espaços naturais, começava a amadurecer também a minha paixão pela música folk, pelos grupos e bandas que, um pouco por todo o lado, faziam e fazem excelentes trabalhos de recolha, divulgação e revivificação da música tradicional, ou popular. Por inerência dos meus locais "de eleição", esse meu conhecimento foi-se aprofundando fundamentalmente em relação aos grupos do norte e centro da Península Ibérica, com especial relevo para os grupos portugueses, claro, bem como do "arco celta" que vai da Galiza à Cantábria, passando pelo norte de Leão e de Castela.

Mas regressemos a 1992 ... o ano do "Contos de Fragas e Pragas". No dia 22 de Fevereiro, faço com os "Amigos da Natureza" uma marcha pedestre na Serra de Sintra, de comboio na ida e na vinda. Mês e meio depois, a 9 de Maio, levo-os também à Arrábida, para um acampamento de fim de semana que incluiu a subida ao topo do Formosinho, o ponto mais alto daquelas paragens.
Acampamento na Arrábida ...
... 9.05.1992
Entretanto, a rodagem de um novo VW Golf foi o mote para um passeio pelo Alentejo, no último dia de Junho. E, precisamente 20 anos depois ... voltei aos campos da Godinha, onde em 1972 tinha estado no campo de trabalho da apanha de tomate.

A 20 de Julho iniciámos umas férias em família. À beira do Rio Alva, os apartamentos do Camping de S. Gião deram descanso e ar puro. De lá, voltámos a Piódão e à Serra da Estrela. E, numa fase de muitas e tortuosas "fragas", terminámos mais uma vez em Santa Cruz.
5 de Março de 2011
S. Gião, Rio Alva, 21.07.1992
Piódão, 22.07.1992
Serra da Estrela, 23.07.1992

quinta-feira, 29 de agosto de 1991

Do Gerês à Costa Vicentina

Março de 1991. Nova "geração" de alunos tinha-se estreado, em Dezembro, nas "andanças" e "aventuras" do Clube "Amigos da Natureza", na Tapada de Mafra. Gente muito novinha, basicamente de sétimos e oitavos anos sem grandes "percalços" escolares, falar-lhes em 4 dias no Gerês ... era falar-lhes numa história em que dificilmente imaginavam poder participar! Mas, no dia 19 de Março, dia do pai, juntamente com a já habitual "equipa" de professores ... lá fizemos de pais e mães de mais um grupo "expedicionário" às terras do Gerês! Pela 6ª vez...!
Casa-abrigo do Vidoeiro, Gerês, 19 de Março de 1991
O circuito escolhido não podia ser muito diferente do já tantas vezes realizado com outros grupos. Mas desta vez começámos pela zona das Caldas do Gerês, alojando-nos, mais uma vez, nas camaratas do Vidoeiro, cujo salão foi, também mais uma vez, ponto de encontro de cantorias e de divertimentos.
A Barragem de Vilarinho da Furna, o percurso da geira romana, os marcos miliários, tudo fez as delícias dos muitos que pouco mais conheciam do que o perímetro casa-escola. O almoço foi nas piscinas naturais do rio Homem ... e até houve aventureiros que mergulharam naquelas águas geladas e verde-azuladas.
O autocarro do Parque Nacional foi-nos buscar à Portela do Homem. Contei-lhes a história de que anteriores grupos de alunos não tiveram transporte tão cómodo...J! Seguiu-se a Pedra Bela e a Cascata do Arado. A processionária do pinheiro chamou-lhes a atenção ... e deu o mote a uma "aula" sobre parasitas e infestantes.
E depois de um jantar na vila do Gerês, o serão foi à chama da fogueira no cruzamento do Vidoeiro. Por entre anedotas e cantigas ... aprende-se a localizar estrelas e constelações, fala-se da velocidade da luz, da viagem no tempo que é a simples contemplação do céu estrelado.
E o dia seguinte, 21 de Março, era Dia da Árvore. Mas, a caminho de Pitões das Júnias, o céu cinzento ameaçava chuva ... ou neve! Visitámos Tourém ... e no regresso ao Planalto da Mourela a neve começou a cair. Que festa para todos!
Almoçados na nossa boa amiga Srª Maria, as ruínas do Mosteiro de Pitões receberam o grupo ... debaixo de uma mistura de chuva e neve e de muito nevoeiro. O regresso foi assim antecipado, a deslocação à cascata tornava-se perigosa naquelas condições. E foi assim ao calor da lareira da "Casa do Preto" que passámos o fim de tarde e noite, ouvindo histórias perdidas no tempo, contando também àquela jovem gente a "aventura" da travessia da serra, feita dois anos antes com colegas deles. Mas o serão à lareira ainda proporcionou uma experiência de concentração e de "transmissão de energias", conduzida por uma aluna brasileira supostamente com essa capacidade. Outros, também artistas, deixaram o emblema dos "Amigos da Natureza" desenhado a canivete no madeiro da lareira da Srª Maria. O emblema perdurou ali durante largos anos, até à transformação da lareira e à substituição do madeiro. E no dia seguinte ... era o regresso.

Pouco mais de dois meses depois, a 28 de Maio de 1991, acompanhei uma actividade organizada pelo grupo de História da Escola, num passeio de bote fragateiro, no Tejo, seguido de visita aos moinhos de maré de Corroios e ao EcoMuseu do Seixal. Estando a componente natural e ecológica incluída ... eu tinha de estar lá...J! E dois dias depois estava a levar o Clube "Amigos da Natureza" para novas actividades. Pela primeira vez na Paisagem Protegida do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina,  percorremos  todo
Milfontes, 31.05.1991 - Emblema do Clube "Amigos da  Natureza"
o litoral, do Cabo de S. Vicente a Porto Covo. Na viagem para sul, dia 30 de Maio de 1991, subimos à Foia, ponto mais alto da Serra de Monchique e do Algarve, almoçando já em Sagres. No Cabo de S. Vicente, aliámos a natureza à história, na contemplação do mar impetuoso e na evocação dos Descobrimentos Marítimos.
Já quase verão, os primeiros banhos foram na praia da Arrifana e na Zambujeira do Mar, em cujo camping montámos as tendas para a primeira noite. Seguiu-se o Cabo Sardão e Vila Nova de Milfontes. O emblema do Clube tinha sido desenhado num grande pano branco que, entre estacas de madeira, se erguia orgulhoso na praia, identificando a nossa presença...J!
A segunda noite foi já em Porto Covo, frente à ilha do Pessegueiro. Assim, o dia seguinte (que viria a ser o último...) foi de caminhada até à vila, pelas falésias, e, também, na praia frente à ilha ... à qual ainda levei mais 4 "nadadores". Demos uma grande volta pela ilha, subimos à fortaleza ... mas não encontrámos o Pessegueiro na ilha...J!
Ao fim da tarde havia nuvens ameaçadoras. Vinha lá chuva. E o regresso seria no dia seguinte ... quase de certeza com as tendas encharcadas. Assim ... resolvemos levantar o acampamento e regressar antecipada-
mente ... com a promessa de que viriam todos passar a noite em minha casa...J! E assim foi. Já passava da uma da manhã quando os "Amigos da Natureza" "acamparam" na minha garagem e sala, espalhados por colchonetes, cobertores, etc...J! Foi uma noite memorável! Ouvimos música, vimos filmagens de "aventuras" anteriores ... e vimos o Sol nascer sobre o Tejo! A propósito de filmagens ... as nossas técnicas iam evoluindo, com novos equipamentos adquiridos pelo Clube de Audiovisuais, como ilustra o exemplo ao lado. As legendas e créditos finais (mesmo sobre as imagens do "acampamento" em minha casa...) já não precisavam de ser escritas em folhas de acetato...J!

O verão de 1991 foi marcado pelo desaparecimento de um meu carismático Tio, irmão de meu Pai, a quem muito estava ligado. São as fragas e pragas também da vida. Quanto às oscilações da minha companheira, uma estabilidade não duradoura, mas significativamente melhor que em 89, permitiu umas férias relativamente calmas, com um regresso a Valença do Minho e à casa dos amigos que nos haviam recebido naquele difícil verão. E no fim de Agosto ... Santa Cruz.

3 de Março de 2011

sexta-feira, 14 de dezembro de 1990

Jornada pelos Picos de Europa ... com regresso por Montesinho

8 a 14 de Setembro de 1990. Início de mais um ano lectivo. Para os "Amigos da Natureza", antes de começarem as aulas propriamente ditas ... estava  reservada  uma  "aventura"  nos  Picos de Europa,  com
8.09.1990 - Vilar Formoso,
quando ainda havia fronteiras
regresso pelo Parque Natural de Montesinho! Para a maioria dos alunos, era a última actividade vivida na Escola; antes das 6 da manhã já havia gente à porta, para uma jornada de 700 km sem história até ao Camping de Cubillas, para lá de Valladolid. A primeira aventura foi montar as tendas; é que o chão ... parecia de cimento! Mas no dia seguinte a paisagem mudava radicalmente: o árido planalto castelhano dava lugar à magnífica paisagem verdejante das montanhas. Estávamos na Cordilheira Cantábrica!
Ainda nesse segundo dia, Santander e Santillana del Mar foram visitas obrigatórias. Estava a levar os alunos à Espanha verde, que havíamos conhecido oito anos antes. Ao longo do desfiladeiro de La Hermida e do Rio Deva, fomos percorrendo aquele maravilhoso cenário natural, terminando em Potes e no Camping "La Isla - Picos de Europa", onde igualmente havíamos ficado em 1982. Este Camping seria aliás base para várias "expedições" aos Picos de Europa, nos anos seguintes. À beira do Deva, o parque fica num verdejante vale rodeado de montanhas, atrás das quais o Sol se preparava já para desaparecer, naquele fim de tarde. O solo relvado contrastava com o de Cubillas. O café e esplanada, junto ao rio, construídos em madeira, prendiam-nos àquele recanto saído como que de um conto de fadas.
E a primeira "aventura" foi a subida de teleférico ao Balcón del Cable, em Fuente De, 22 km a oeste de Potes e no coração do maciço oriental dos Picos de Europa. Rodeados pelos altos Picos Tesorero, Peña Vieja e Torre Cerredo, estávamos também bem perto do mítico Naranjo de Bulnes. E o almoço foi no Refúgio de Aliva, na parte inicial de um percurso de 16 km a pé, que nos havia de levar de regresso ao vale e à aldeia de Espinama, onde nos aguardava o Sr. Agostinho e o seu autocarro. Este motorista, não muito mais velho que os alunos mais velhos ... havia de ficar para a história das nossas "aventuras".
Maciço central dos Picos de Europa, 10.09.1990
Percurso a pé Balcón del Cable - Espinama, 10.09.1990
Mais um dia ... e saímos de Potes, contornando os maciços oriental e central dos Picos. Deixávamos a Cantábria  para  entrar  nas Astúrias. Seguiu-se Covadonga e os seus Lagos Enol e Ercina ... não sem alguns arrepios ao longo dos 12km da estrada estreita e íngreme que leva do Santuário àqueles lagos de altitude.
Covadonga, Gruta Santa, 11.09.1990
Lago Enol, Covadonga, 11.09.1990
Uma visita a Cangas de Onís e à sua medieva ponte e, ao fim da tarde, estávamos no Camping de Ribadesella. Preparados para montar tendas por uma noite ... soubemos que podíamos ficar em bungalows pelo mesmo preço! Foi uma festa! Tão grande que o grupo comprou todos os frangos do supermercado do parque, para um churrasco nocturno de convívio e camaradagem. No dia seguinte ... soubemos que um "utente" de um beliche superior tinha vindo parar ao chão...J!
Em Ribadesella, situam-se as grutas de Tito Bustillo. À falta das de Altamira, que em 1990 já não se podiam visitar, Tito Bustillo ilustrou a arte paleolítica que os alunos haviam aprendido nas aulas de História.
Ribadesella marcava o ponto de inflexão para sul: por Oviedo e León, o destino seguinte ... era já em Portugal: o Parque Natural de Montesinho, em terras transmontanas.  E íamos ficar  em  plena  serra, na
Casa-abrigo da Lama Grande, perfeitamente  integrada na rocha e na espectacular paisagem que nos rodeava.
A Lama Grande foi a nossa "base" para exploração da zona de Bragança, incluindo a própria cidade. É claro que não podia faltar a visita a Rio de Onor; o guia do Parque Natural que nos acompanhou falou-nos das vezeiras para a guarda do gado, à vez, pelos diferentes habitantes; falou-nos mais uma vez do boi do povo, do forno e de outros hábitos comunitários destas aldeias perdidas no tempo. Falou-nos também do Rio-de-Onorês, o dialecto local, com alguma mistura de português e leonês.
O almoço desse dia foi em Gimonde ... e ficou histórico. A tradicional e deliciosa posta mirandesa foi o prato escolhido ... e foi a primeira vez, em tantas e tantas "aventuras" com gente jovem e normalmente "esfomeada" ... que vi carne ir para dentro em relativa quantidade ... porque aquela gente já não conseguia comer mais posta..J!
Mas o nosso guia falou-nos também da riqueza florestal e faunística de Montesinho, das manchas de carvalhos, das maiores da Europa e dos trabalhos para a preservação do lobo, do corço e de outras espécies. Tal como em 84, visitámos também o picadeiro e viveiro de trutas, na aldeia de França.
A última noite, como tradicionalmente acontece, foi "liberalizada": uma fogueira, música, conversas, convívio ... nalguns casos até às 6 da manhã. Porque a seguir era o regresso a casa, sem história.
E esta história teve ainda uma estória original: à chegada a Sacavém ... porque não irmos todos jantar ao "famoso" bacalhau assado, na Bobadela? É que o restaurante ... era e ainda é da família de um dos alunos que participaram nesta actividade!

Esta actividade nos Picos de Europa e Montesinho inspirou também a "construção" de um genérico do Clube "Amigos da Natureza", para os respectivos vídeos. E que gozo deu essa montagem! Naqueles tempos ... funcionava a imaginação e o improviso; o efeito de focagem do emblema do Clube sobre a paisagem ... foi conseguido com uma folha de acetato que se deslocava em peças de LEGO, puxadas com cordéis, frente à projecção de um slide com a paisagem...! Mais tarde, já na era do digital, viríamos a montar um segundo genérico do Clube.

E ainda em 1990, no dia 14 de Dezembro, nova "geração" de alunos se estreava nas "andanças" e "aventuras" do Clube "Amigos da Natureza". O cenário ... foi mais uma vez a Tapada de Mafra.

A caminhada Balcón del Cable / Espinama no Wikiloc / Google Earth:


2 de Março de 2011

sábado, 11 de agosto de 1990

De Gavarnie às brumas de Avalon...

Ao contrário do ano anterior, o verão de 1990 foi relativamente estável, permitindo sonhar com a reconstituição da "aventura gaulesa" interrompida 7 anos antes, com  o  assalto  em  Paris.  Assim,  a  19  de
Monasterio de Piedra, 19.07.1990
Cascata no Monasterio
de Piedra, 20.07.1990
Julho de 1990, estávamos de partida para França ... com os Pirenéus de permeio. Passada a fase do atrelado-tenda e da carrinha VW ... regressámos ao campismo em tenda...J!
A caminho dos Pirenéus, havia um monumento natural para conhecer: o Monasterio de Piedra, um "oásis" fabuloso no meio da meseta castelhana, entre Madrid e Zaragoza. O rio Piedra modelou a rocha, formando lagos, grutas e cascatas, por entre os densos, frondosos e frescos bosques.
Por Huesca e Ainsa, ao longo do já nosso bem conhecido vale do Cinca ... fomos matar saudades do Monte Perdido, embora só de passagem para França. E, nos Pirenéus franceses, o destino era Gavarnie, a mais famosa estância pirenaica da primeira metade do século XX.
Estar em Gavarnie é uma sensação indescritível. Apesar do peso do muito turismo, sente-se ali a ruralidade e a imponência da montanha. Na aldeia, estamos a pouco mais de 1300 metros de altitude, mas da aldeia vê-se a famosíssima cascata, a mais alta da Europa, com os seus 423 metros, despenhando-se das alturas do Circo de Gavarnie. Lá em cima, por trás do Circo, está o Monte Perdido ... e o Lago de Marboré, onde dois anos antes havia subido com os alunos, a partir do vale de Pineta!
À "sombra" do Monte Perdido, lado espanhol, 21.07.1990
E do lado francês, em Gavarnie, 22.07.1990
E ... aí vamos a pé à famosa Cascata de Gavarnie, 22.07.1990
Cascata de Gavarnie, 22.07.1990
Próximo do Puerto de Bujaruelo, sob a Brecha de Rolando, 22.07.90

Em Gavarnie, é obrigatório fazer a caminhada até ao Circo e à Cascata; são pouco mais de 10km, ida e volta. E é outro local "mágico", onde nos sentimos pequenos, onde nos sentimos parte da Natureza, da montanha que nos rodeia. Mas também é "obrigatório" ir até ao Col de Bucharo (em francês), ou Puerto de Bujaruelo (em espanhol), precisamente na linha de fronteira entre os dois países. As panorâmicas são espectaculares para ambas as vertentes; e não estamos longe da mítica Brecha de Rolando.
19 anos depois voltaria a Gavarnie, com o meu grupo de Caminheiros. E, precisamente pelo Puerto de Bujaruelo, atravessaríamos os Pirenéus a pé, no sentido França - Espanha.

A 23 de Julho estávamos a deixar para trás os Pirenéus ... viajando para norte. Uns dias em Tours, nas sempre belas margens do Loire, depois Paris. Desta vez não fomos assaltados ... e para quem "foge" das cidades e tanto ama o campo, a montanha, a água, o verde ... Paris é talvez a cidade simultaneamente mais acolhedora e imponente que conheço. Incluindo o Parque Asterix ... que fez as alegrias dos 4 viajantes...J!
Mas o destino principal deste périplo ... eram terras de brumas e mistérios: as terras da Normandia e da Bretanha. Em Arromanches, Omaha Beach, Utah Beach, Cherbourg ... sentimo-nos viver a epopeia do desembarque aliado, iniciando a libertação da Europa do jugo nazi. E pouco depois do célebre Monte de St. Michel ... entrámos em terra bretã.
Praias da Normandia, 1.08.1990 - A memória do Dia D
Pôr do Sol próximo de Vauville, 1.08.1990
Monte de St. Michel, 2.08.1990
Costa norte da Bretanha, 2.08.1990
A Bretanha é de certo modo um lugar mágico. Nas praias e nas falésias agrestes da costa ... quase recuamos 1500 anos no tempo, vendo desembarcar hordas de bretões, acossados pelos anglo-saxões na ilha da Grande Bretanha. Por entre as "brumas de Avalon" ... quase vemos chegar o Rei Artur e as suas tropas. Ou, recuando ainda mais no tempo ... assistimos aos grandes construtores dos megalitos "mágicos" que povoam estas terras de bruma.

A costa selvagem do oeste da Bretanha, 5.08.1990
Notre-Dame-des-Naufragés,
P.te du Raz, 5.08.1990
Marie-Jeanne-Gabrielle
Entre la mer et le ciel
Battu par tous les vents
Au raz de l'océan
Ton pays
S'est endormi
Sur de belles légendes
Illuminant son histoire
Gravées dans la mémoire
Des femmes qui attendent
Les marins
D'île de Sein
P.te du Raz, frente à ilha de Sein ... a ilha de todas as lendas
("Marie-Jeanne-Gabrielle", do álbum "Marines", Tri Yann)

À volta da baía de Douarnenez e, principalmente, na Pointe du Raz, o vento, o mar e a bruma envolviam-nos nas lendas e na música bretãs. A ilha de Sein não se via, a lendária ilha de Is muito menos ... mas víamos, talvez, aquela Marie-la-Bretonne, ou a Marie-Jeanne-Gabrielle esperando os marinheiros da ilha de Sein...
Seguiu-se Carnac e o seu núcleo megalítico. Segundo o nosso júnior ... Obélix faria melhor...J! Depois ... foi descer toda a costa ocidental francesa, até às Landes ... e à Ibéria.
Carnac, 6.08.1990 - Obélix faria melhor...J!
Campismo na floresta das Landes, 8.08.1990
Baía de San Sebastian, País Basco, 10.08.1990


E no dia 11 de Agosto ... chegávamos a Santa Cruz, para, como habitualmente ... passar o resto das férias.
25 de Fevereiro de 2011