A organização da área de estudos científico-naturais do curso complementar englobava entretanto, no 10º ano, uma disciplina de Ecologia. Ora, mais do que qualquer outra vertente, a Ecologia não se estuda nem se ensina dentro de 4 paredes. A 22 de Março de 1988, pouco mais de um mês depois de Doñana e de S. Jacinto ... estava a sair para o Gerês com os meus alunos de Ecologia! Embora só por 3 anos (10º ao 12º),
estes alunos constituiriam aliás mais um grupo a acompanhar quase sem alterações, com muitas e diversas "aventuras" partilhadas em conjunto. Por outro lado, a visita ao Gerês de Março de 1988 foi a primeira actividade que contou também com a participação de dois outros professores e grandes amigos, que daí para a frente viriam a fazer parte de uma espécie de "núcleo duro" das actividades de campo organizadas na Escola Secundária de Sacavém. Mais do que nunca, tinha nascido uma equipa interdisciplinar, permitindo fazer destas "viagens" verdadeiras aulas vivas, em que os saberes partilhados se cruzavam com os sabores da amizade, da sã
camaradagem, da alegria de viver.
E assim, levei estes novos alunos a Tourém e a Pitões. Aprenderam que a Ecologia também engloba a vertente humana, que as populações humanas fazem parte integrante do meio ambiente; aprenderam histórias de comunitarismo nestas pequenas aldeias, visitaram o forno comunitário e a fonte das solteiras; ouviram histórias sobre o boi do povo e a sua função como reprodutor; conviveram
com a população; aprenderam o que não vem nos livros nem nos programas...
A Srª Maria e a "Casa do Preto", em Pitões das Júnias, receberam este novo grupo com o calor habitual: o calor da hospitalidade ... mas também o calor da lareira, ao crepitar da qual nos reuníamos à noite. E, num esplendoroso dia de uma Primavera há pouco iniciada, a "aldeia mágica" de Pitões recortava-se contra as alturas da Serra do Gerês. A fraga de Brazalite, os cornos da Fonte Fria ... como que nos chamavam para uma fantástica travessia ... há muito sonhada!
Pitões das Júnias ... a "aldeia mágica", com as alturas da Serra do Gerês como pano de fundo - 22.03.1988 |
Mas para já, em 1988, os percursos efectuados - ao Mosteiro e à Cascata de Pitões - eram novos para todos menos para mim. Houve lugar, pelo caminho, à aprendizagem de regras básicas de orientação no campo; mas também houve lugar à história do Mosteiro e dos eremitas que se estabeleceram nesta região, presumivelmente nos finais do século IX.
E, como já vinha sendo habitual, de Pitões "mudámo-nos" para o Vidoeiro, mas agora para as camaratas da casa-abrigo do Parque Nacional. Esta casa-abrigo, estas camaratas e o salão anexo passaram a ser o poiso principal na maioria das minhas idas ao Gerês com alunos. Quantas histórias, anedotas, músicas, brincadeiras, ali contámos, cantámos e brincámos, todos! Quantas amizades, convivência ... crescimento!
Marcos miliários, ao longo da geira romana |
Na Portela do Homem, era obrigatória a foto de grupo ... em terra galega.
Junto às piscinas do rio Homem |
Fronteira da Portela do Homem, lado galego, 24.03.1988 |
Fronteira da Portela do Homem |
Pedra Bela, 24.03.1988 |
Cascata do Arado, 24.03.1988 |
Junto à Cascata do Arado, 24.03.1988 |
14 de Fevereiro de 2011
1 comentário:
Neste dia dito de S. Valentim (que para mim sempre é mais um dia de celebração da amizade) ler os textos e ver as fotografias levou-me qual maquina do tempo para um tempo já ido mas não esquecido. Aulas vivas em que a actual formação civica era uma forma de agir no real e não no papel. Hoje muitas situações equivalentes são destacadas, esquecendo que já existiam muitas sem que delas se fizesse alarde e que ficaram para sempre em nós alunos que as vivenciamos. obrigada mais uma vez.
Enviar um comentário