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quinta-feira, 21 de maio de 2009

De Vale de Espinho a Pesqueiro e à Marvana ...
... ou quando levo uma lição arraiana... J

Agora que estávamos ambos em "férias eternas", entre 11 e 25 de Maio de 2009 passámos pela primeira vez duas semanas seguidas em Vale de Espinho. Nos dias 13 e 14 recebemos dois casais amigos dos Caminheiros, para fazer a prospecção daquela que viria a ser a actividade de Junho  ...  e  no dia 21  levei
O vale de Pesqueiro e a Serra da Marvana, 21.05.2009
uma "lição"... J. Um primo que vive em França e que estava igualmente a passar uns dias em Vale de Espinho ... voluntariou-se para ir comigo na caminhada que eu estava a projectar, uma caminhada pela "minha" serra da Malcata, ao longo da raia, descendo ao vale de Pesqueiro e subindo à Marvana, a Marvana das lendas dos tesouros escondidos, dos romances de amores e desamores, a Marvana da “Rosa da Montanha” e dos crimes do bando do Montejo. Fiquei dividido entre o querer fazer-lhe a vontade e o receio do "empecilho" que provavelmente seria, numa caminhada de cerca de 30 km de sobes e desces. A imagem da "aventura" com o meu júnior, no Gerês, não me saía da memória; e com a agravante de ali ser muito menos provável do que no Gerês encontrar alguém pelo caminho...!
Assim, foi muito com o "credo na boca" que saí de Vale de Espinho, às 7 e meia da manhã daquele dia 21 de Maio. À hora marcada … lá estava o primo fresco e pronto para a caminhada. E lá partimos serra acima. Pouco tínhamos passado, contudo, da ponte romana sobre o "meu" Côa … quando as minhas dúvidas se começaram a desvanecer. O primo, afinal, andava bem... J! Em 55 minutos vencemos os 5 km que separam Vale de Espinho do limite entre as Beiras, chegando portanto também poucos minutos depois à raia espanhola. São 5 km sempre a subir … e que eu nunca tinha levado tão pouco tempo a fazê-los. Bem, pensei eu nessa altura, "estás aqui estás desfeito" e não vamos conseguir chegar à Marvana, a cujo cimo eu ainda nunca tinha chegado a ir e que era o objectivo da caminhada. Continuámos. A partir do limite entre as Beiras a caminhada acompanha sempre a raia e a cumeada, por terreno mais ou menos plano e que sobejamente conheço … e chegámos à chamada ladeira grande. A ladeira grande é, como o nome indica, uma grande ladeira que desce para o vale de Pesqueiro, em Espanha, por onde não precisávamos, portanto, de ir; para a Marvana era sempre em frente, pela cumeada. Mas, ante a hipótese de irmos e voltarmos pelo mesmo caminho (como realmente teria de ser), surgiu a hipótese de descermos a Pesqueiro e depois subirmos à Marvana pelo lado espanhol … hipótese que o meu companheiro logo abraçou. E assim fizemos; seguiram-se, portanto, 5 km sempre a descer … e a descer bem, já que neles passámos dos 910 metros de altitude para os 430! Passámos o Arroyo de la Mina junto à antiga Barroca de la Casa de Campo … e aí enfrentámos a primeira subida a sério! E, qual não é o meu espanto … quando vejo o primo a subir aquela vereda à mesma velocidade a que fazia tudo o resto! Em 800 metros vencemos 200 de desnível … ou seja uma inclinação de 25%. Aí, o meu coração começou a dizer ao cérebro: "eh pá, tu não tens pedalada para aquilo; vai mas é ao teu ritmo, antes que seja a ti que têm de levar às costas"! E eu obedeci às "instruções" … apesar do "transtorno psicológico" de ver à minha frente alguém que não era suposto estar à minha frente... J!
O "guia" ... e o "atleta de competição"... Cume da Marvana, 21.05.09
Depois daquela subida vertiginosa … outras se seguiram, até à Marvana … em todas elas com o primo à minha frente e a reduzir, nitidamente, a velocidade por minha causa. E ainda por cima dizia que os ténis (pouco apropriados para qualquer caminhada, por pequena que fosse) lhe estavam a começar a provocar "ampolas" nos pés (do francês "ampoules"…).
Às 10h55 estávamos no cimo da Marvana, a 860 metros de altitude e com 19 km desde Vale de Espinho, feitos em menos de 3 horas e meia e, portanto, à média de 5,4 km/h … o que é de longe o meu record pessoal em terreno tão acidentado! Embora a uma hora ainda pouco própria para isso, propus ali a paragem para deglutirmos as sandes e as maçãs que levávamos nas mochilas. É que, até ali, as muito poucas e rápidas paragens tinham sido, apenas, para uma ou outra fotografia e para verter líquidos biológicos. O primo lá aceitou a paragem … mas "declarou" que não tinha fome e, efectivamente … nada comeu. Mas eu comi... J!
Meia hora depois de nos sentarmos … levantámo-nos para reiniciar a marcha. Ainda propus a alternativa entre regressarmos a Vale de Espinho ou continuarmos para sul. Estávamos mais perto da estrada ValverdePenamacor, e mesmo de Penamacor, do que de Vale de Espinho; na estrada Valverde – Penamacor poderíamos arranjar uma boleia, e de Penamacor regressaríamos de camioneta ou de táxi. Mas
Relevo típico da Malcata ... no regresso a casa, 21.05.2009
a resposta do Quim foi curta e sintética: "Vale de Espinho"... J! E assim, às 11h25, iniciámos o regresso, primeiro pelo mesmo troço em que tínhamos chegado à Marvana … mas depois seguindo pela cumeada, já não voltámos a descer a Pesqueiro, claro.
O cume da Marvana e Vale de Espinho estão sensivelmente à mesma altitude (Vale de Espinho apenas mais 10 metros, 870m) … mas entre as duas ainda teríamos de subir aos 1015 metros do Clérigo, o limite entre as Beiras. Foram 16 km feitos em duas horas e meia, com uma pequena paragem de 10 minutos numa sombra … e onde o meu acompanhante finalmente resolveu comer uma maçã, único alimento dele em toda a jornada. Adivinham quem ia sempre à frente nas subidas... J?
E assim, com 35,4 km percorridos, às 14h45 estávamos de regresso a Vale de Espinho … tendo feito os últimos 5 km (agora a descer…) em 45 minutos (média de 6,7 km/h…). Nos últimos 8 a 10 km, já se queixava bastante dos pés (as "ampolas" estavam a chateá-lo) e, também, dos joelhos … mas não era por isso que abrandava, ou até antes pelo contrário! A minha "sócia" e a mãe do primo regozijaram com a nossa vinda bem mais cedo do que tinham imaginado … e do que eu tinha imaginado. Ele, quando chegou … foi pôr os pés de molho em água quente com sal! Eu … acordei uma hora depois, com um telefonema… J! Só depois é que a banheira me recebeu … e aquele banho soube a prodígio dos deuses!
Se o primo gostou? Adorou, segundo disse e se via! Pelas paisagens, pela experiência, por ter testado a sua resistência. Joga futebol todas as semanas ... e eu começo portanto a dar mais valor ao futebol... J! À noite tinha os pés num estado um bocado lastimoso, para ir da sala ao quarto creio que levava mais tempo do que levou a fazer qualquer subida … mas adorou! Os meus pés … esses felizmente estavam inteiros e sãos … pelo que à noite eu me sentia bem melhor do que ele… J!
Se gostei? Adorei! Pelas paisagens (a maioria já sobejamente conhecidas mas nunca cansadas), pela experiência … e por ter testado os meus limites, creio! Cheguei mais cansado do que no fim de qualquer outra caminhada. Se a tivesse feito sozinho, como planeara, não me teria cansado, mas claro que adorei ... inclusive pela companhia. Obrigado Quim... J! Foi preciso um futebolista não habituado a caminhadas (e que supostamente deveria fazê-las atrás de mim…) para me dar uma lição... J!
30/08/2011

domingo, 3 de maio de 2009

Da Serra da Freita ao Alentejo florido

O concelho de Arouca e a Serra da Freita foram palco da actividade de Abril de 2009 dos Caminheiros Gaspar Correia, no fim de semana de 18 e 19. Sábado fizemos uma caminhada curta, entre a aldeia de
Aldeia de Vilarinho, Serra da Freita, 18.04.2009
Vilarinho e o alto do Campelo, a que se seguiu a visita ao Centro de Interpretação Geológica de Canelas, que incluiu a "Rota do Paleozóico", um percurso circular onde se conta um capítulo da história geológica desta região. Ali foram identificadas, até agora, dezanove espécies de trilobites que, para além de apresentarem um excelente estado de conservação, impressionam pelo gigantismo das suas formas e pelo facto de pertencerem a espécies raras.
Domingo, partindo do parque de campismo do Merujal, fizemos um belíssimo percurso circular, passando pela célebre cascata da Frecha da Mizarela e pela aldeia de Castanheira, perto da qual se aprecia o fenómeno geológico das pedras parideiras. Contornando o Monte Calvo e a Portela da Anta, descemos depois o alto Caima para Albergaria da Serra, de onde regressámos ao Merujal.
Trilho da Frecha da Mizarela, 19.04.2009
Ao longo do Alto Caima, Serra da Freita, 19.04.2009
15 dias depois, de 1 a 3 de Maio, descemos às terras de Barrancos e de Santo Aleixo da Restauração, em nova actividade caminheira, com uma caminhada no sábado entre o Monte da Coitadinha e o Monte da Encomenda, passando pelo célebre Castelo de Noudar, e no domingo na Serra da Adúa, próxima de Santo Aleixo, onde aliás terminámos ... com uma espectacular exibição de cantares alentejanos, por parte de um grupo que integrava os nossos anfitriões e organizadores da actividade.
Castelo de Noudar, Barrancos, 1.05.2009
Alentejo florido: Rio Ardila, 1.05.2009
Em terras de Sto Aleixo da Restauração, 2.05.2009
Momentos mágicos... nas ruas de Sto Aleixo, 2.05.2009

29/08/2011